Pular para o conteúdo principal

Violação de privacidade e soberania

Num absurdo caso de violação de soberania e privacidade, a Alemanha pagou mais de US$ 5,900,000 por dados bancários que teriam sido roubados de um ex-funcionário de um banco de Liechtenstein. O porta-voz do Ministério da Fazenda alemão disse que a ação do BND não é um ataque a Liechtenstein mas sim um "esforço para pegar bandidos alemães". Toda esta criminosa ação faz parte de uma tentativa do governo alemão em prender sonegadores de impostos. O príncipe herdeiro Alois reclamou dizendo que a Alemanha estava "organizando" um ataque ao principado.

Desta história, os fatos mais bizarros foram a explicação do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e o editorial do sempre péssimo e esquerdopata Financial Times. Gurría disse:

"The openness of the global economy can only be sustained if participants assume mutual responsibilities, as well as sharing benefits. Excessive bank secrecy rules and a failure to exchange information on foreign tax evaders are relics of a different time and have no role to play in the relations between democratic societies,"
A abertura da economia global só pode ser mantida se os participantes assumirem responsabilidades mútuas, assim como benefícios compartilhados. Regras excessivas de sigilo bancário e omissão no intercâmbio de informações em sonegadores estrangeiros são relíquias de um tempo diferente e não possuem nenhum papel nas relações entre sociedades democráticas.
Antes de mais nada, Liechtenstein não é um membro da OCDE, felicidades para eles! Eu não sei exatamente o que ele quis dizer com "regras excessivas de sigilo bancário", não vejo nada demais em resguardar a privacidade alheia. E ao contrário do que o sr. Gurría prega, ainda há pessoas que prezam "relíquias de um tempo diferente" como soberania e controle judicial.

E tem o editorial do FT cujo título é "Liechtenstein loot". Sim, o panfleto de tão vermelho de comunista fica com o papel rosado, editorializou o "direito" da Alemanha de violar a soberania de países decentes. No seu primeiro parágrafo de esquerdolóide editorial temos:

There must be tight controls on the ability of governments to spy on their own citizens, but unco-operative tax havens deserve this kind of treatment.
É necessário haver controles rígidos na abilidade de governos espionarem seus próprios cidadãos mas paraísos fiscais não-cooperativos merecem este tipo de tratamento.
Claro que na linguagem da esquerda "paraíso fiscal não-cooperativo" é todo o local que tem uma carga tributária decente combinada com um forte apreço à privacidade. E o que são os inocentes no meio do processo? Depois, num ataque de esquizofrenia típico de puxas-saco de Blair, eles dizem que a culpa é da Alemanha e seus altos impostos. E para acabar o heditoriau:
But the only answer to tax havens that do not co-operate may be to send in the spies. Mas a única resposta a paraísos fiscais que não cooperam talvez seja o envio de espiões.
O que poderíamos esperar dum jornal que "é o único jornal que diz a verdade", nas palavras de Noam Chomsky.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quero ver tu achares uma constitucionalidade

Ophir Cavalcante Junior, diretor tesoureiro da OAB falou ao 1º Encontro Nacional de Identificação do Polícia Federal e fez vários questionamentos sobre a constitucionalidade do Registro Único de Identificação Civil, oficialmente conhecido como Cadastro Único (CU). Como diz a reportagem : Uma das principais preocupações da OAB com o sistema único de identificação, observou, é de que ele possa representar violação aos direitos fundamentais e garantias individuais, previstos no artigo 5° da Constituição, ou favorecer no futuro o fortalecimento do autoritarismo e de um Estado policial, ante o eventual enfraquecimento ou desaparecimento da democracia no País. Meu Deus do Céu! A OAB ainda tem dúvidas sobre a "violação aos direitos fundamentais e garantias individuais" que o CU pode inflingir sobre as pessoas no Brasil? A OAB já ouviu falar em Ahnenpaß ?

Eu vejo a luz!

Não. Eu não estou falando de um fato eleitoral ocorrido esta semana (algo que não aconteceria se Mitt Romney fosse o candidato). Estou falando de um comentário que recebi. A um bom tempo atrás, ainda em abril de 2006, mandei um e-mail para a ONG SaferNet perguntando quem a financia, essas coisas da vida. Esperei sentado, deitado, caminhando, correndo e de outras formas e nada. Eis que a luz aparece para mim nesta madrugada. O leitor Leandro (sem sobrenome) deixa um comentário que transcrevo na íntegra: Quem são os agentes envolvidos? O próprio site da Safernet ajuda a descobrir: http://www.safernet.org.br/site/institucional/redes/inhope E esta Inhope: https://www.inhope.org/en/partners/partners.html https://www.inhope.org/en/partners/sponsors.html Sabendo-se quem é principal patrocinador desta rede dá para entender porque a Safernet implica tanto com o Google e o Orkut. Como fazia um tempinho que não acessava o site da SaferNet, notei que eles mudaram o layout da página. Indo ao pri

Privacidade, algo que passa TRI longe

Esqueci-me de postar um pedido de acesso à informação que fiz à Prefeitura de Porto Alegre sobre o TRI , o sistema de bilhete eletrônico dos ônibus portoalegrenses. Fiz o pedido em 8 de março, com prazo para 11 de abril, mas só recebi a resposta no dia 7 de maio. A despeito da demora, a pessoa que me respondeu fez a gentileza de responder-me usando meus questionamentos, ao invés de elaborar uma resposta geral e separada. Abaixo as perguntas e as respostas. Prezado(a) Sr.(a) Relativo ao seu pedido de informação ao Município de Porto Alegre, informamos o que segue:  - Existe uma política de privacidade para o programa? Se sim, gostaria de receber uma cópia de tal política. Não existe um Documento formal, entretanto a política adotada é de confidencialidade e privacidade dos dados.  Eles lidam com uma quantidade considerável de dados, que permitem rastrear uma pessoa dentro de Porto Alegre mas não formalizaram uma política de privacidade, utilizando-se apenas da esotérica exp